quinta-feira, agosto 03, 2006

O Frenesim Bejense

Tenho andado sem tempo para escrever, e a que se deve isso? Ao facto de andar a procurar casa e a tentar perceber se realmente tenho possibilidades de fazer um crédito bancário ou não. E nisto, observo que aqui o frenesim é diferente.

Esta é uma cidade calma mas não deixa de ter a sua agitação! Além do mais, pertence a um país atulhado em burocracia e, por esse motivo, os bancos daqui não podem ser muito diferentes dos de Lisboa, imprimindo logo um novo ritmo a qualquer tramite bancário… é papelada que falta, é papelada que está a mais, e telefonam porque falta assinar… bem, esse tipo de coisa. A pessoa envolvida num processo destes, mesmo em Beja, cidade pacífica, sente já uma certa agitação!

Depois lembraram-se de pôr parquímetros na cidade. Óptimo para aquele ser que se sentia entediado numa manhã em Beja. Agora já pode andar o tempo todo de um lado para o outro a tirar papelinhos das máquinas, porque só tinha moedas de 20 antes do pequeno almoço e agora já são 10.30 e já passou da hora… pode ainda olhar para o carro daquele vizinho estúpido que se está sempre a gabar de ter uma carrinha nova mas que afinal não paga o parquímetro em frente ao trabalho… (actividade privilegiada numa cidade que privilegia a cusquice de uma maneira geral).

E a agitação bancária, é diferente mas não deixa de estragar uma manhã inteira a uma pessoa. Aqui chegamos e não há muita gente e por isso ficamos a pensar que vai ser rápido, mas aqui, cidade pacata e de bons costumes, o atendimento é personalizado e cada momento é tratado com a cordialidade devida e a lentidão que lhe é inerente. Fala-se do tempo, descobre-se que sou filha da professora do irmão e que trabalho com uma amiga da prima, explica-se tudo muito em explicado, porque o trabalhinho tem que seguir para Lisboa com muito aprumo, não vão os da capital pensar que aqui não se trabalha! Tudo é mais agradável, realmente, mas não deixa de ser uma agitação porque o tempo real que se perde é o mesmo, apenas estáa ser usado abusando de calma e tranquilidade.

Mas tudo pode piorar numa manhã destas, caso se tenha que ir tirar uma fotocópia no centro da cidade. Já quase todos sabem que a opção da fotocópia central é uma má opção, todos conhecem a famosa antipatia da srª das cópias, ao lado da Halcon viagens (em Beja nada tem nome próximo e tudo é perto de alguma coisa). É uma senhora que só nos atende quando bem entende e que muitas vezes se deixa estar sentada sem nos atender, repetindo em pensamento ‘agora esperam!’, para demonstrar que naquele território, ela é quem manda e quem controla o tempo. Essa é uma atitude irritante desde que passamos aquele estágio de evolução de demarcar o território!

E aí as coisas atingem proporções de verdadeira cidade grande, podemos irritar-nos gratuitamente com uma patroa/funcionária absolutamente detestável que tem bastante dinheiro para fechar o negócio e viver dos rendimentos, mas não o faz porque deixaria de ter alguém a quem demonstrar poder dentro daquele reino criado.

Beja apresenta assim, o petisco completode uma manhã bem perdida a tratar de assuntos importantes, com direito a atritos de atendimento e irritações com o carro.

13a@beja

8 comentários:

Anónimo disse...

Frenesim Bejense?! tá tudo escito... e tão bem escrito. O tempo é relativo expecialmente em Beja!
O globo de ouro 2006 para a pessoa mais detestável, vai para... A Srª das cópias. Porra! dificil é sair dakele estabelecimento sem sentir que te arruinaram o dia.
Força 13ª!

Abade.anacleto disse...

O tempo alentejano é um tempo diferente do tempo de qualquer outra região, não flui, desenrola-se lentamente como um novelo empastado em mel.
Que tu és uma das melhores escribas da realidade Bejense, é um facto. A forma como tu também acabas sempre por traçar um "perfil" psicológico das pessoas e/ou situações leva-me a dizer que o globo 2006 deveria ser para ti e não para essa senhora (bem conhecida) que faz com que eu evite ao máximo dar-lhe a ganhar seja lá a quantia que for.
Bom fim-de-semana.

Francisco disse...

Gostei do teu sentido de humor. Para aturar este provincianismo, tem de ser.

nikonman disse...

Bem escrito.
Tenho que ir fazer uma visita a essa senhora das fotocópias, Ai vou, vou!
(se precisares de casa, sei quem tem uma à venda :-) desculpa a publicidade).

RCataluna disse...

EH PÀ, não me fales dessa senhora das fotocópias... Cada vez que passo por lá penso como seria se uma equipa de intervenção especial da PSP entrasse por ali a dentro para acabar com aquilo... se bem que ela é tão antipática que eles morriam de susto. O que é que o National Geographic está à espera para fazer um daqueles documentários, dobrados em Português do Brasil, sobre os predadores da regiões secas e inóspitas? Comaçavam por cá...

PS: Vai ao Montepio.

Bom fim-de-semana e abraço ao André!

13a... disse...

Muito obrigado a TODOS!!! Estes comentários são muito animadores e carregam-me as baterias para novas reflexões!!!

RCataluna,

Obrigadissimo e, tens toda a razão, o melhor sítio foi sem dúvida o montepio!!! Foi o unico onde não me tentaram apedrejar por ser solteira e ter 25 anos, nos outros bancos, unires essas duas opções é considerado crime!

Niconmam,

Conhecer aquela senhora acrescenta algo de novo... passamos a ter uma nova aceitação para com as pessoas antipáticas porque esta senhora sugere um novo grau de antipatia

Anónimo disse...

Se eu ouvisse um "pi pu... pi pu...!", oito horas por dia, por cada cliente que entrasse, certamente também iria ficar mal humorado - ao ponto de culpar com um olhar desaprovador o facto do cliente ter disparado o sensor. Shame on you.

Bom artigo 13a. Quero mais destes :P

13a... disse...

Por este andar daqui a uns tempos só ouve um "pi pu..." por dia, e é o dela quando for tirar o pó da porta e passar pelo sensor!!! Obrigada 03 ;)